quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Como se tornar uma psicótica obsessivo-compulsiva
1 - Pense no cara com quem você está saindo;
2 - Considere a hipótese desse cara estar saindo com outra;
3 - Presuma que esse cara está saindo com outra;
4 - Tenha certeza absoluta de que esse cara está saindo com outra;
5 - Fique absurdamente revoltada com o fato desse cara estar saindo com outra e ligue para ele, alegando que já sabe de tudo e não quer mais saber dessa palhaçada.
(Tempo de duração do processo: 5 a 10 minutos)
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
"One More Time With Feeling"
Se os corações fossem pequenas casas, a cada pessoa seria destinado um cômodo.
A grande maioria jamais passaria da cozinha. Ficaria por ali, perambulando, à espera de um convite para a disputada sala de estar, onde tudo supostamente estaria acontecendo.
Enquanto isso, algumas pessoas seriam encaminhadas à área de serviço, onde tentariam colocar as coisas em ordem. Iriam lavar, passar, limpar. Tudo para agradar e, quem sabe, ser recompensadas. Mas, mesmo que o dono da casa as tratasse com carinho, no fundo, elas saberiam o seu lugar.
Os que forçassem a entrada seriam mandados diretamente para o banheiro, onde ficariam presos até que o proprietário decidisse dar ou não a descarga final.
Aos poucos sortudos, caberiam os quartos. No plural, porque o dono da casa saberia que, ao longo da vida, iria receber mais de um hóspede importante.
Alguns seriam jogados no lixo, é triste admitir. E depois seriam levados para fora de casa, em grandes sacos pretos. Outros até trocariam de cômodo. Dentre os festeiros da sala, um deles poderia passar a noite no quarto. Talvez mais de uma. E, talvez, depois de várias noites, esse mesmo indivíduo poderia acabar indo embora pela descarga.
Não existem regras definidas para o funcionamento dessa pequena casa. Uma mesma pessoa pode ocupar diferentes cômodos em diferentes corações. Você pode estar fadado à área de serviço de um, mas também pode ocupar a suíte master de outro.
Todos nós, se já não estivemos, ainda estaremos em cada um desses lugares e experimentaremos a frustração de não nos sentirmos devidamente alocados. Mas, com sorte, também saberemos como é bom ser escolhido para um cantinho quente e protegido da casa.
De todo jeito, a maneira mais surpreendente de se conquistar um coração é quando você entra pela área de serviço, de mansinho. Sem muito alarde, você chega até a festa da sala e, pouco a pouco, acaba se destacando entre os demais convidados. Quando menos espera, sua escova de dente já está no banheiro. Abrir a porta do quarto agora é uma mera formalidade. Porque, a essa altura, a casa inteira também é sua.
Texto inspirado em conversa com os amigos psicóticos Diogo e Carol, e catalisado por uma ligação telefônica.
(Eet - Regina Spektor)
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Da Série: Piores Encontros do Universo
1 - O Bundudo
Não via o sujeito há meses. Talvez mais de um ano. Lembrava dele como o cara bonitinho, inteligente e um pouquinho arrogante, mas não muito. Só o suficiente para me provocar. Já havia saído com ele em outras ocasiões mas, por alguma razão, paramos de nos ver. De qualquer forma, eu estava bastante ansiosa.
Quando cheguei ao bar, ele já estava sentado, me esperando. Levantou-se para me cumprimentar, mas eu estava tão daquele meu jeito tenso-nervoso-histriônico que nem tive a oportunidade de dar uma checada no rapaz. Apenas me sentei diante dele e desatei a falar.
Já estava me acalmando e quase não sentia mais meu rosto queimar, provavelmente por estar super vermelho, quando ele se levantou novamente, dessa vez para ir ao banheiro. Foi aí que eu vi. Aquela coisa enorme, desproporcional, monstruosa, olhando pra mim, tentando me intimidar. A bunda assassina.
- Já volto - ele disse. Mas por um segundo achei que tinha sido a bunda.
- Tá bom - respondi, com o sorriso mais difícil que já me forcei a dar.
Estava petrificada. Que caralhos? Ele não era gordo, estava exatamente como eu me lembrava. Gatinho! De onde tinha vindo aquele anexo? Aquele irmão siamês em forma de nádegas?
Peguei meu celular no instante em que o vi fechar a porta do toalete masculino.
- Que caralhos? - reclamei com uma amiga - A única vantagem é que se ele me der um fora, a imagem dele indo embora vai me lembrar do lado bom de estar terminando.
Ao vê-lo voltando para a mesa, tentei disfarçar:
- Não, eu não estou interessada em fazer um seguro de vida. Eu sinceramente acredito que sou imortal - e desliguei. - Telemarketing - disse, justificando a ligação.
- No sábado à noite?
- Pois é. Um absurdo.
- Eles são uns bundões mesmo.
Segurar o riso agora foi tão dificil quanto forçar aquele sorriso alguns parágrafos acima.
- É, eles são...
Silêncio.
- Olha, Natalia, não precisa disfarçar. Eu sei o que você tá pensando.
- Sabe?
- Sei. Você provavelmente está se perguntando o que caralhos aconteceu com a minha...
Ai meu deus.
E, do nada, eu juro pra vocês que todo mundo no bar começou a bater nas mesas com os punhos fechados gritando: Bunda! Bunda! Bunda!
- ...namorada - ele completou, dando fim a minha breve alucinação.
- Oi? - perguntei, confusa.
- Você sabe, eu comecei a namorar no ano passado, por isso eu e você paramos de sair.
- Ahh. Claro. Era isso que eu estava me perguntando - disse, sem conseguir olhar nos olhos dele.
- A gente terminou há duas semanas. Não tava mais dando certo. Eu mudei muito. De uns tempos pra cá, eu tenho sentido essa coisa crescendo dentro de mim, sabe, uma coisa pesada, uma...
De novo não...
- Bunda! Bunda! Bunda! - gritavam os outros clientes, batendo na mesa em uníssono, enquanto eu respirava fundo, tentando me concentrar na conversa.
- ... sensação de que o tempo está passando e eu estou deixando de viver as coisas, sabe?
- Sei, super chato quando essas coisas acontecem. Escuta, você quer pedir alguma coisa? Uísque, tequila? Absinto?
- Nossa, alguém tá animada hoje, hein? - ele comentou, fazendo um gesto para o garçom se aproximar.
- Sim, qual é o pedido?
- Por mim, eu dava uma beliscada em alguma coisa - ele disse. - O que você recomenda?
- Que tal uma bunda, senhor? - o garçom sugeriu.
- Como é que é? - questionei, um pouco ofendida.
- Bunda - respondeu o bundudo, me mostrando o cardápio.
Minha vista embaçou e comecei a sentir uma tontura. No cardápio inteiro estava escrito Bunda, Bunda, Bunda. Olhei para o garçom e ele perguntou, em tom normal:
- Bunda bunda bunda bunda?
Olhei para o bonitinho bundudo e ele dizia, tranquilamente:
- Bunda, bunda, bunda...
De repente, todos a minha volta estavam falando em bundês. Conversavam entre si, riam, trocavam declarações. Não importava o assunto, a única palavra que eles pronunciavam era bunda.
Pus as mãos sobre a cabeça e respirei fundo novamente, esperando que aquilo passasse. Mas não adiantou. Impaciente, tentei gritar "basta", mas o que saiu foi:
- Bunda!
Em pânico, levantei da cadeira e continuei a falar, na esperança de reassumir o controle da situação:
- Bunda bunda bunda bunda bunda bunda...
Quando me dei conta, todos no bar estavam em silêncio, olhando para mim. Imediatamente parei o que estava fazendo, olhei para o meu decote e arrisquei:
- Peito?
Por alguma razão, depois desse encontro, o bundudo nunca mais me ligou.
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sábado, 24 de outubro de 2009
Matemática Psicótica
Se existisse uma escola para meninas superpsicóticas, acho que as aulas seriam mais ou menos assim:
- Meninas - diz a professora de Matemática, em tom sisudo -, se vocês tiveram 8 encontros com 1 rapaz, sendo que 2 vezes vocês dormiram com ele, quantas horas vocês passaram juntos?
As alunas, todas impecavelmente uniformizadas, fariam os cálculos em seus cadernos ou folhas de fichário, em silêncio, concentradíssimas. E as folhas seriam de papel pautado simples, sem nenhum tipo de distração visual fofinha, como corações, estrelinhas ou a cara da Hello Kitty.
Em poucos minutos, duas alunas levantariam a mão ao mesmo tempo, disputando pelo direito de dar a resposta.
- Sim, Psicótica#7? - decide a professora, deixando a Psicótica#6 bastante impaciente.
- Considerando que cada encontro teve duração média de 6 horas e que desse total deve ser subtraído as horas de sono das noites em que os dois dormiram juntos, além da quantidade de tempo que cada um utilizou para ir ao banheiro, a resposta certa é, pelos meus cálculos,... 36 horas, 14 minutos e 28 segundos.
- Você concorda, Psicótica#6? - questiona a professora.
- Creio que a colega se equivocou ao incluir todas as idas ao banheiro em uma mesma categoria. Ela sabe muito bem que existem vários tipos de ida ao banheiro e que elas variam desde uma vontade de fazer xixi até uma emergência com o rímel que não era à prova d'água. E mesmo quando se trata de um xixi rápido, a quantidade de tempo empregado para desempenhar a atividade pode variar em função do look escolhido na ocasião. Se a psicótica estiver de minissaia, por exemplo, é uma coisa. Agora, se ela estiver de meia-calça, o processo é bem mais complicado...
- Uhhhh... - a turma reage, impressionada com a precisão dos cálculos.
- E isso se estivermos considerando apenas a presença física - ela prossegue -, caso contrário, também devemos subtrair a quantidade de minutos que cada um gastou ao celular. Ou pensou em outras pessoas durante a conversa, por exemplo...
A Psicótica#13 levanta o braço e contrai os músculos do rosto, como se estivesse muito ansiosa para falar o que tinha para falar.
- Sim? - a professora lhe concede a palavra.
- Pode ser que haja mais uma variante no cálculo. Por exemplo, eu tenho uma amiga...
- Iihhhh... - a turma reage novamente, dessa vez em tom jocoso.
- Não, sério, gente. Eu tenho uma amiga. Ela está saindo com um cara... enfim, ele acabou de sair de um relacionamento...
- Iiiihhhh...
- Será que esse fator pode diminuir o coeficiente de presença e acabar interferindo no resultado da equação? Se o rapaz não estiver totalmente envolvido com a garota, só estiver 60 ou 70% presente, esse percentual não deveria ser aplicado no total de horas que os dois passaram juntos?
- Então você está dizendo - pensa a professora em voz alta - que se o rapaz tiver problemas em se envolver 100% com a garota, o tempo que eles passaram juntos terá sido menor em função do déficit do coeficiente de presença de espírito?
As psicóticas pensam.
- Exatamente - conclui a Psicótica#13.
- Brilhante - diz a professora, aplaudindo, emocionada. - Vocês são as melhores alunas de Matemática Psicótica que esta escola já teve.
A turma toda aplaude junto.
- E agora o dever de casa - a professora anuncia, escrevendo no quadro negro. - Se somarmos o tempo das ligações com o número de caracteres das mensagens de texto trocadas, poderemos tornar essa equação equivalente a quantas horas na casa dele?
As meninas superpsicóticas anotam, intrigadas.
- Pensem nisso. E tenham um ótimo final de semana!
Texto inspirado em conversa com a psicótica#2, Carol Martins.
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terça-feira, 20 de outubro de 2009
O Ministério da Psicose Adverte
Após a realização de uma série de pesquisas científicas, finalmente foi comprovado que o número de vezes que uma mulher psicótica repete "eu não vou dar hoje" é diretamente proporcional à probabilidade de ela dar nesse dia.
Isso ocorre porque, enquanto o lado esquerdo do cérebro, responsável pelo pensamento racional, envia um comando como "não se esqueça de ir ao supermercado", o lado direito, responsável pela emoção e pela total falta de vergonha na cara, apenas registra a informação principal, abstraindo a negação da frase.
Dessa forma, as chances da pessoa em questão acabar se esquecendo de ir ao supermercado são consideráveis.
O que significa que, se uma mulher afirmar uma única vez que não vai dar em um determinado dia, no caso hoje, é muito provável que ela realmente não dê.
Agora, se você ouvir essa mesma mulher dizendo: "Ah, eu não vou dar hoje não. Mas não dou mesmo. De jeito nenhum que eu vou dar hoje. Não, não, não. Hoje eu não dou", a probabilidade de ela estar falando isso enquanto tira a roupa é de 98,4%.
Esta pesquisa é total e psicoticamente arbitrária. Qualquer semelhança com a realidade... é porque tu deu hoje, né, safada!
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segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Profecias da Psicótica
Achei um e-mail interessante na minha caixa de rascunho. Tão antigo, nem lembrava mais dele.
Dizia apenas:
"Dia desses eu vou parar de escrever sobre você. E aí você vai sentir saudades."
"Ou não."
Estranho pensar que esse dia chegou.
(...)
Mais estranho ainda é pensar que eu incorporei o caboclo Nostradamus Caetanus para escrever o e-mail. Imagina se o Caetano Veloso resolvesse ser vidente. "Dois aviões vão colidir no espaço aéreo brasileiro. Ou não". "Haverá um ataque terrorista a dois edifícios comerciais em Nova York. Ou não". "Duzentas e cinquenta pessoas vão morrer de ataque cardíaco amanhã no caminho para o trabalho. Ou não". "O Junior do Sandy&Junior é gay. (Silêncio)".
NO HARD FEELINGS, só estava procurando um pretexto para postar essa música. (Early in the Morning - Buddy Holly).
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quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Guia Prático de Como Se Tornar a Regina Duarte
Passo a passo:
1 - Tenha medo;
2 - Faça cara de quem tem medo;
3 - Junte as mãos em frente ao peito;
4 - Incline o rosto 45º à direita;
5 - Troque de bebê com a Eduarda.
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sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Guia da Mente Psicótica - Capítulo 4
4 - Como escrever um SMS pós-coito para uma psicótica
a) caso você goste dela:
Vamos ser abrangentes, ok? Essa categoria envolve desde um gostar de leve até gostar pra caramba, passando por aquele "gostandinho" ainda meio em cima do muro. Se você se importa com a psicótica com quem passou a última noite, deixe claro. Esse é um momento de transição. É tipo virada de século, quando sempre aparece uma porrada de profetas e videntes anunciando o fim dos tempos. Esse é o momento em que a psicótica aguarda a chegada de boas notícias (eu ia dizer bons fluidos mas, em vista do tema, achei que seria um pouco inapropriado). Então não enrole, nem pense demais no que vai fazer. Comunique o mais depressa possível que o mundo não vai acabar. Anuncie que tudo continua funcionando normalmente no dia seguinte. O comércio vai abrir, as escolas vão estar cheias de alunos, os correios vão receber e enviar correspondência. E a praça de alimentação estará aberta por tempo indeterminado.
b) caso você NÃO goste dela:
Paciência, né. Acontece. Mas, mesmo assim, é preciso deixar claro - sem ser grosseiro. Um "chegou em casa direitinho" mostra que você se preocupa com o bem-estar da moça e, ao mesmo tempo, não diz nada sobre o status da relação de vocês. Se ela for esperta, vai ligar o desconfiômetro. Mas, para não correr nenhum risco de ser mal interpretado, é melhor evitar diminutivos. Pode dar a impressão equivocada de que você está tentando ser fofo. "Chegou em casa direito" também não rola, né? Parece que você tá dando uma bronca na menina. "Chegou em casa bem?". É isso. Funcional e sem apelo afetivo. Tal como a noite anterior.
c) caso você tenha acabado de perceber que é gay:
Não diga isso pra ela em um SMS pós-coito, pelo amor de deus! Segura essa pombagira! Ligue para a sua melhor amiga e diga que só agora entendeu porque sempre fez questão de comprar sapatos com ela. Em seguida, ligue pro Raul da academia, caso ainda não esteja muito tarde. Afinal, você não vai querer assustar seu primeiro pretendente pós-saída do armário. Depois de se acalmar, mande uma mensagem para a moça dizendo "você é TU-DO". Acredite, ela vai sacar. No dia seguinte, deixe na portaria dela uma bolsa divina, réplica perfeita da nova it bag da Prada, aproveitando para perguntar se ela tem um irmão bofinho. Vai que, né?
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Para escrever como uma verdadeira psicótica
Fiquei mais de uma semana sem atualizar. E olha que não foi por falta de tempo. Juro que tentei postar alguma coisa aqui, mais de uma vez. Achava tudo uma porcaria e desistia no terceiro parágrafo.
O motivo dessa escassez criativa se deve a um paradigma que me acompanha desde os primórdios da minha vida afetiva adulta, ainda pela pós-adolescência, pouco antes de eu começar a investir em lingerie cara.
É que eu escrevo muito melhor quando estou com raiva de alguém. E quando eu digo alguém, eu quero dizer um cara. E por cara, entenda sujeito-com-quem-estou-saindo-e-não-está-sendo-muito-bacana-comigo.
É impressionante como eu fico produtiva quando minha vida afetiva está uma merda. Quanto mais decepcionada, triste e destruída eu fico, mais legais os textos saem. É como se eu pegasse tudo o que me incomoda, toda aquela massa amorfa de desilusões amorosas, colocasse numa fábrica de massinha e transformasse em estrelinhas, golfinhos e macarrões multicoloridos. Pode ser divertido pra quem vê, mas não necessariamente corresponde ao meu estado de espírito.
E a recíproca é verdadeira. Quanto mais feliz eu estou, menos interessantes meus textos ficam. Pelo menos pra mim.
Demorei oito dias para escrever essa embromação descarada que vocês estão lendo agora. Desculpem-me por isso. Prometo melhorar.
O único problema é que, para escrever bem, eu vou ter que começar a procurar problema onde não tem. Vou ter que vestir a carapuça psicótica e super analisar cada detalhe de cada conversa, de cada ligação, mensagem ou e-mail trocado. Vou precisar me ater a entrelinhas imaginárias, adivinhar o que está por trás de todos os pequenos silêncios, criar histórias mirabolantes para justificar questões que provavelmente nunca nem existiram fora da minha cabeça maluca.
Para escrever como uma verdadeira psicótica, tenho que assumir desde já que nada vai dar certo, nunca. Que todos estão sempre mentindo e que é só uma questão de tempo (pouco tempo) até tudo dar errado.
É por isso que eu vou pedir desculpas novamente. Sinto muito, caros leitores, mas acho que dessa vez vou preferir escrever mal.
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