natalia

quarta-feira, 3 de março de 2010

Foi Carnaval - parte final


A rapidinha que virou longa ou Como chegar num cara e se constranger em público vol. I

Estava com uma amiga num bar, defendendo a possibilidade da mulher chegar num cara.
"Não estou levantando bandeiras", tentava explicar, "mas por que é sempre o homem que tem que chegar na garota? Não vejo problema nenhum em tomar a iniciativa."
"Nem eu. Mas acho que, no fundo, eles gostam dessa coisa de caçar."
"Caçar? Isso é ridículo! Nós não somos gazelas!" rebati. "E, depois, homem não dá toco. Não faz sentido, você está ali facilitando a vida dele", argumentava. "A menos que, sei lá, você esteja muito baranga. E, olha... ainda assim eu tenho minhas dúvidas."
"Ele pode estar de olho em outra."
"Pfff, faça-me o favor", debochei da observação ingênua. "95% dos homens trabalham com a lei do mínimo esforço. Os 5% restantes são broxas."
"Claro que não, Natalia."
"E quer saber de uma coisa? Vou chegar num cara agora", anunciei, olhando em volta para localizar a minha gazela.
Foi quando bati o olho no rapaz sentado sozinho no balcão, com aquele cabelinho propositadamente bagunçado e oclinhos do tipo "sou nerd, mas mando bem pra cacete".
"Oi", eu disse, ainda sem graça, depois de ter atravessado o bar me esforçando muito para parecer confiante. "Você tá aí sozinho?"
"Sim, tô."
"Então...", droga, só idiotas começam as frases com "então", "é que eu tô ali naquela mesa com uma amiga", disse, apontando para ela, que chegou a dar um tchauzinho. "Se você quiser sentar com a gente...", ótimo, agora ele vai pensar que eu estou propondo uma fanfarra a três.
"Ah, legal", ele respondeu.
"Mas sou eu que tô chamando, viu?", enfatizei. "Só eu."
E sorri, esperando que ele levantasse aquele traseiro bonitinho e voltasse comigo até à mesa, como meu troféu gazela.
"Legal", repetiu. "Mas eu queria ficar sozinho."
Pausa para efeito sonoro: fuein, fuein, fuein, fueeeinn.
"Desculpa, o que você disse?"
"Eu queria ficar sozinho."
"Naah", duvidei, dando-lhe um soquinho no ombro. "Tá de sacanagem, né?"
"Não."
"Alguém morreu?", perguntei, preocupada.
"Não."
"Você acabou de terminar com uma garota, nesse segundo?"
"Não."
"Você é gay?"
"Não! Você pode ir agora?"
"Tá, olha só. É que eu acabei de falar pra minha amiga que não tinha nada demais em chegar num cara. Aí eu vim aqui e tal... seria meio chato voltar pra lá sozinha", expliquei.
"Entendo. Mas é que eu realmente queria ficar sozinho."
"Sei. Você pode sorrir e balançar a cabeça enquanto fala isso, só pra minha amiga ali não achar que você tá me dando um toco."
"Mas eu tô te dando um toco! Eu te falei que eu quero ficar sozinho."
"Ai, lá vem você de novo com esse papo de querer ficar sozinho! Veio fazer o que nesse bar, então?"
"Beber. Sozinho."
"Sei. Veio ficar sozinho e colocou gelzinho no cabelo, né?"
"Quê?"
"Gelzinho. Tá com gelzinho no cabelo que eu tô vendo."
"Eu preciso colocar alguma coisa pra dar textura. E não é gel, é pomada."
"Ha! Você é gay!"
"Sou! Sou gay! Uhhh, homens!", respondeu, simulando uma desmunhecada. "Você vai me deixar sozinho agora?"
"Ok, maluco", disse, me virando pra sair. Mas ao ver a cara de vitoriosa da minha amiga, mudei de ideia. "Só pra deixar claro, nenhum homem faz isso, tá bom? Nenhum! Homem não dá toco!"
"Quem disse isso?"
"Todo mundo sabe. Só se eu fosse muito, muito baranga. E, mesmo assim, eu ainda tenho minhas dúvidas", desabafei.
"Eu sei, você não é baranga."
"Então qual é o problema? Por que você não quer me pegar? E nem se atreva a dizer que quer ficar sozinho!
"Quer mesmo saber?"
Fiz que sim, profusamente, e cheguei mais perto, apreensiva.
"Pra ser bem sincero, eu preferia ter chegado em você."
"Como é que é?", questionei, me afastando.
"Eu tava de olho em você, eu ia até a sua mesa, mas aí você veio e eu meio que perdi o tesão."
"Você está me dizendo que se eu não tivesse tomado a iniciativa, a gente estaria se pegando agora?"
"Humm, aí eu já não sei. Ia depender do seu papo."
Fiquei ali parada por alguns instantes, assimilando o que tinha acabado de acontecer. Depois virei para ir embora, ainda perplexa.
"Ei", ele me interrompeu. "Você se importa se eu chegar na sua amiga?"

16 comentários:

  1. juro to mto em choque, quem esse fulano pensa que é pra se atrever a dar um toco numa mulher?! todo mundo sabe que homens NÃO DÃO TOCO! por favor, ele por acaso tem idéia de quando reflexão existe antes de uma mulher tomar uma atitude dessas?! isso pq vc nem gostava do cara, era só um aleatório servindo de cobaia! hauhauhauhauha aposto que ele faz parte dos 5% broxas! auhauhauahuahuah

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  2. EXCELENTE! Por que as pessoas não comentam em blogs? Enquanto flogs são cheeeios de comentários inúteis, nem pra estes tipos de comentários as pessoas se dão ao trabalho em blogs! Chato e desestimulante. Sugestão de pauta, haha :D

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  3. hahahaha Demais! Natalia, seu blog é demais!
    Uma curiosidade: as coisas que vc conta aqui, tipo esse "causo", acontecem mesmo? Tudo real?
    IRADO!
    Ah, é claro que o homem é quem tem que chegar. Não que eu goste e/ou concorde com isso, mas faz parte da "dança do ego de acasalamento", sabe como, né? Eu é que não sei me expressar. Mas ele tem que parecer o "Homem" a todo momento. Uns chatos. Aaah se a gnt não precisasse tanto deles.

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  4. hahahaha Demais! Natalia, seu blog é demais!
    Uma curiosidade: as coisas que vc conta aqui, tipo esse "causo", acontecem mesmo? Tudo real?
    IRADO!
    Ah, é claro que o homem é quem tem que chegar. Não que eu goste e/ou concorde com isso, mas faz parte da "dança do ego de acasalamento", sabe como, né? Eu é que não sei me expressar. Mas ele tem que parecer o "Homem" a todo momento. Uns chatos. Aaah se a gnt não precisasse tanto deles.

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  5. ele era gay.não desista.
    ahuahauhauha

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  6. Hahahaha, texto perfeito!
    Eu preferia que ele fosse gay, mas tudo bem! rs

    Voltarei mais vezes aqui, pois gostei muito, muito mesmo!
    Tomar a liberdade de te seguir.

    Beijos

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  7. Nossa, muito verdade esse texto!

    Nunca cheguei num cara mas todas as vezes que fui mais direta e clara, sem fazer doce, eles perderam o interesse rápido!

    E eu que nunca entendi por que raios uns caras que viviam correndo atrás de uma amiga cheia de mimimi viam nela, agora, acho que faz sentido!

    Muito bom o texto!

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  8. 1º - Gay. Certeza absoluta.

    2º - Gay e machista. Certeza absoluta.

    3º - Gay FDP que deu um toco desses. MORRA.

    4º - Gay FDP VTC e se disser que não é, de novo, vai acordar com a boca cheia de formigas!

    Regra das regras: se é homem, não dê toco em mulher, ou vai morrer com fama de gay. Se é mesmo homem, pega a mulher e só. Acabou.

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  9. Calma lá! Não quero defender os homens (não sou gay!!) nem parecer corporativista, mas homem dá toco sim! Esse pensamento de que homem não dá toco é coisa de mulher machista (se é que isso é possível, pois não deveria ser!).

    Porque o cara tem sempre que dizer 'sim' pra mulher que chega nele? E porque o inverso nunca é condenado? Homem chega na mulher + toco nele = lésbica sem vergonha?

    SE vocês mulheres não pensassem assim, então, talvez, seria possível uma mulher chegar no cara sem problema algum.

    Mulher pode sim chegar no cara, isso mostra que ela tem coragem, é decidida, não liga pras normas. Agora, ela também tem de ser o tipo do cara né!!

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  10. HAHAHAHAHAH eu já cheguei e me ferrei.

    mas besta são eles.

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  11. hahahahahahahahaha, comecei cedo desde a 5ª serie primaria, cheguei no coleguinha, toco em mim, mas ganhei um amigo da vida toda. Esse texto foi perfeito! Sou rainha de todo tipo de equívoco e da tal frase "Então...", droga, só idiotas começam as frases com "então", "é...momento de querer sumir!!!!Mas também todos esses micos libertam a gente de alguma forma, beijos!!!

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  12. rs!depois dessa leitura cheguei as seguintes conclusões:
    1-ele era gay e tentou dar uma de macho
    2-ele é machista e fdp sem noção
    3-ele não valia a pena
    4-estava pensando em alguam mulher inteligente q havia dado um chute na bunda dele...

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  13. AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
    vergonha alheia define!

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  14. hmm, cheguei a uma conclusão com este texto. eu devo ser muito baranga, porque já perdi a conta dos tocos que já tomei nessa vida... ah, e também "se beber, não se dirija a ninguém."

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