natalia

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dia dos Namorados - parte 1


Entrei numa dessas lojas moderninhas para comprar qualquer roupa que vestisse bem na minha autoestima, que andava bastante capenga. Mal tinha chegado até as araras, quando fui interrompida pela voz incômoda da vendedora.
"Posso ajudar?"
Dei um sorriso sem grande entusiasmo e disse que só estava dando uma olhada. Mas ela resolveu presumir o motivo da minha incursão.
"Está procurando presente pro dia dos namorados?"
Na falta de uma resposta ofensiva o bastante, disse o que me pareceu mais prudente no momento.
"Sim. Estou."
"Ele veste que tamanho? Chegaram umas camisas lindas, olha só", e me mostrou uma porção delas. "Eu também estou com essas calças super bonitas, têm tido muita saída."
Eu permanecia com o mesmo sorriso, dando apenas algumas eventuais balançadas de cabeça, como quem diz "ok, tá visto."
"Gostou de alguma coisa?", ela perguntou, com um excesso de simpatia que me fazia pensar em bater com sua cabeça na caixa registradora.
"Nãão", respondi, com uma pitada de desdém, que foi imediatamente captada pela vendedora. "Acho que ele não vai gostar de nada não."
"Qual o nome dele?", ela quis saber.
Engoli no seco e disse o que me pareceu mais prudente no momento.
"Z-Zingo."
Ela estranhou.
"Zingo?"
"É, Zingo", confirmei, fingindo estar segura. "Pode parecer estranho quando você ouve pela primeira vez, mas é um nome super comum na Nigéria. É como se fosse um João, um Pedro..."
"Ele mora na Nigéria?"
"Não, não mais. Você sabe qual é a situação da Nigéria, né?"
"Qual é a situação da Nigéria?", rebateu, como se a minha pergunta fosse retórica.
Mas eu não fazia a menor ideia de qual era a situação da Nigéria.
"Não tá legal", respondi, em tom sério.
Silêncio.
"Você não tem namorado, né?", ela constatou.
"Não, não tenho", admiti, por fim.
Pequeno silêncio.
"Você quer ver roupas pra você?"
"Sim, por favor."


TRILHA SONORA: tema da série Curb Your Enthusiasm.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Com uma ajudinha dos amigos

Obrigada pelos comentários no último post! Li todos e já vou passar lá pra responder.

Enquanto isso...


WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS, Joe Cocker. (Quem se lembra de "Anos Incríveis"?)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Editor's block


Já tem algum tempo que me sinto empacada. "Bloqueio de escritor", alguém diagnosticou. "Graças a deus", respondi, "estava com medo da Patricia Travassos aparecer na minha casa e me mandar tomar Activia."
Tudo começou há seis semanas, quando fui chamada para escrever um livro. Nunca escrevi um na vida, então o editor me pediu para mandar o primeiro capítulo. Entreguei meia dúzia de páginas suadas e recebi de volta um amontoado de observações, parágrafos circulados e sugestões - malditas sugestões. Odiei cada uma delas como se odeia as peguetes novas do seu ex. Porcaria de sinônimos, quem eles pensam que são para substituir as palavras que eu escolhi?
Mas o problema nem era com os traços, as setas, os círculos e toda aquela geometria em que meu texto havia se transformado. O que me paralisou de verdade foi a sensação de impotência, como se cada palavra que eu tivesse escolhido, cada vírgula, cada ponto me sussurrasse: "quem você pensa que é?"
Quem eu penso que sou, é a primeira coisa que me passa pela cabeça quando acordo. Quem eu penso que sou, enquanto me visto para ir trabalhar, no ônibus, no barzinho. Quem caralhos eu penso que sou, ao me ver refletida no espelho do elevador, voltando para casa. Então eu adormeço com esse mantra, torcendo para que no dia seguinte eu acorde me sentindo milagrosamente melhor.
Eu disse que tudo começou há algumas semanas, mas é mentira. Tudo sempre foi assim. O que houve com o livro foi só a gota d'água e agora eu me sinto tão paralisada que mal consigo terminar este texto. Há poucas horas eu o tinha inteiro na minha cabeça, nítido, quase palpável. Mas diante de uma tela em branco eu me senti incapaz de iniciar uma frase. Escreve alguma coisa, qualquer coisa, repetia para mim mesma, em silêncio. Faça algo, se mexa. Mas quem eu penso que sou, não é mesmo?
Foi aí que eu me dei conta do real motivo da minha inércia. O culpado pela minha completa falta de entusiasmo é realmente meu editor, o mais poderoso tirano que já conheci na vida - eu mesma.
E minha área de atuação é bastante vasta. Além de ser o maior carrasco dos meus textos, eu também sou editora de comportamento, de moda, de cultura, de sentimentos. Edito absolutamente tudo na minha vida. É por isso que eu não consigo escrever. Fico tão ocupada me perguntando quem eu penso que sou, que não sobra tempo para ser coisa alguma.
Estou sempre tão obcecada pela perfeição - em mim, no meu trabalho, nos meus relacionamentos - que a vida se torna inatingível. E é muito mais fácil editar e excluir o imperfeito do que aceitar que as coisas nem sempre - ou quase nunca - acontecem como se havia imaginado.
Então eu olho para aquelas páginas do primeiro capítulo e é impossível não me enxergar ali, toda retalhada, corrigida, trocada por sinônimos. Eu sou o primeiro capítulo de uma história que nunca se desenvolve porque eu mesma não permito. Fico com tanto medo de errar, de não agradar, de acabar me decepcionando, que sequer saio do lugar.
Quem você pensa que é para escrever um livro? Quem você pensa que é para alguém gostar de você? Quem você pensa que é para as coisas darem certo? - Sei lá! Quem você pensa que é, voz estúpida na minha cabeça? Se você fosse tão boa, estaria dublando algum filme na Sessão da Tarde. Mas não, você está aqui dentro de mim. Então cala essa boca e me deixa em paz!
Vou dormir e continuo torcendo para que amanhã eu acorde me sentindo melhor. Mesmo que isso signifique que eu tenha que deixar de lado minhas habilidades editoriais e ser apenas aquela que escreve, sem amarras, sem medo. Talvez assim o bloqueio passe e minha história finalmente aconteça.


ELEANOR PUT YOUR BOOTS ON, Franz Ferdinand.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Vote na Psicótica!


Não sei exatamente como isso aconteceu. Abri a caixa de e-mail e descobri que tinha sido indicada para o Prêmio TOP BLOG 2010. Ao que parece, os responsáveis por isso foram alguns de vocês, leitores psicóticos e cheios de iniciativa.

Obrigada!

Mas agora eu me animei com a brincadeira! Quem se animar também, é só clicar no selo ali no topo da barra direita, aquele que fica piscando e incomoda um pouco a vista. Desculpe por isso, aliás. Você também pode ir direto na página do TOP BLOG 2010.

A Psicótica agradece - e como diz o ditado: "psicóticas felizes não esfaqueiam pessoas no chuveiro." Ah, isso não é um ditado? O que, você realmente vai querer me contrariar?

Beijos a todos!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Da série: rapidinhas da psicótica


"Ninguém nunca vai me enganar de verdade, eu sou onisciente", revelei ao meu psicanalista. "O que me torna 1/3 Deus."
"Você se acha Deus?"
"Não, claro que não. Só 0,333333" expliquei. "Dava pra fazer uma camiseta e vender na Bahia, 33% Deus."
Silêncio. Ele apenas me encarava, com um sorriso intrigado.
"Devo ser um Deus frustrado, porque sou onisciente mas não posso ser onipresente nem muito menos onipotente."
"Foi por isso que você veio aqui?"
Silêncio.
"Mas eu tenho outros dons.Você acha que Deus escreve?"
"Ele é onipotente."
"Maldito Deus. Será que ele tem blog, twitter e facebook?"
"Ele é onipresente."
"Mas que caralhos?! Ele é seu paciente também?"
"Isso é confidencial."
"Ha! Nem vem, você não me engana. Eu sou onisciente."

terça-feira, 18 de maio de 2010

Da Série: divã da psicótica


Recebi o seguinte depoimento do leitor "Rodrig":

"Esse comentário não tem nada a ver com o post em si, muito engraçado por sinal... É o seguinte, eu sempre fui um bucha, peganinguem, liso, etc... Descobri esse seu blog, inicialmente gostei pelo humor. No entanto, graças a você minha vida mudou. Eu tinha medo de chegar nas mulheres, e mais medo ainda de ligar no dia seguinte (pos night alcool etc..) Só que aí, lendo esse seu blog de vez em quando, descobri que mulher é por definição um ser inseguro. Saber que as mulheres são tao ou mais inseguras que eu me deu MUITA confiança, e agora tou pegando todas (todas nao, tou exagerando), mas tenho dito um indice de aproveitamento (ok, foi só pra provocar) muito maior. Vc me mostrou o outro lado da moeda, e me fez um homem melhor e mais confiante. Queria que vc soubesse disso, queria te agradecer bastante, e te dizer que nunca te vi, mas que já te acho uma gata e muito charmosa. Espero te encontrar ai, acho q minha insegurança e sua psicose formariam um belo casal. Beijos tina fey brasileira."

***

Bom, tirando a parte boa de ter sido comparada à Tina Fey, só me resta anunciar o novo slogan deste blog:

Adorável Psicose, formando homens escrotos desde 2008.

Da série: psicose nossa de cada dia


Alguém saberia me dizer por que caralhos os homens carregam as bolsas das namoradas? Nunca entendi muito bem qual é a dessa veadagem. Quer dizer, uma coisa é o cara se oferecer para carregar uma sacola pesada, uma mala, o corpo de alguém que você acabou de matar, enfim, isso é aceitável. Mas a bolsa?
Eu não sou dessas mulheres que dizem "não, eu não preciso do seu falo para carregar a minha bagagem". Pode levar à vontade! E se eu disser "tudo bem, eu mesma levo", vai ser só para cumprir aquele velho protocolo de recusar uma vez para que o cara insista. Agora a minha bolsa, onde eu guardo aquela porção de cacarecos inúteis, ali homem nenhum bota a mão - que dirá no ombro.
Mas eu juro que gostaria de entender. Em primeiro lugar: o que leva uma mulher a entregar sua bolsinha para o namorado? Talvez a resposta esteja além da minha compreensão, já que eu nunca tive um. Namorado. Embora, mesmo assim, eu tenha a impressão de que jamais deixaria isso acontecer. Que porra é essa? Homem meu não usa bolsinha! Tá maluco? Nunca mais faça isso, entendeu bem? (E em seguida lhe daria um pescotapa.)
Então chegamos à segunda questão: o que leva um homem a se prestar a esse papel? Não me entenda mal, rapaziada, o problema não é sair por aí com uma bolsinha a tiracolo. O problema é o que isso significa. Significa que você não possui pênis.
(Pergunta pro Ronnie Von, ele vai confirmar o que eu estou dizendo.)
Pensa bem. Que grande símbolo de macheza você já viu por aí desfilando de bolsinha? Na TV, o único personagem masculino que usava bolsinha sem reservas era aquele teletubbie roxo - e você sabe o que diziam sobre ele, né?
Mas de repente eu tô falando bobagem. Vai ver que daqui a um tempo, homem de bolsinha vai ser uma coisa tão comum, mas tão comum, que eles vão até pedir pras namoradas carregarem.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A psicótica e o photoshop da juventude


Sempre fui bastante observadora e autocrítica em relação à minha aparência. Sempre reparo quando surge uma pinta nova, quando ganho ou perco peso - mesmo sem checar na balança, para dar o diagnóstico, basta uma rápida olhada no espelho.
Tenho consciência de que os anos passam, mas nunca, nunca nesses vinte e cinco anos eu me senti... velha. Mesmo com os eventuais fios brancos - que eu arranco assim que vejo, apesar daquelas lendas malucas de que vão nascer três no lugar -, mesmo com as dores na coluna e a falta de paciência para noitadas muitcho loucas. Jamais havia me dado conta, de maneira tão certeira, tão aniquiladora, de que sim, eu estou ficando velha.
A epifania se deu ao abrir esta foto aí de cima. Reparem na área circulada. Agora esperem eu respirar fundo.
O que são essas linhas, meu deus? Mas já? Já começou o processo de maracujalização? Espera um pouco, eu ainda tenho tantas coisas para fazer! Como eu faço isso parar? Que loções, que cremes, que criogênico líquido eu preciso passar para ganhar mais algum tempo? Porque pela primeira vez eu sinto como se minha juventude tivesse acontecido em algum lugar e eu não estava lá.
Socorro!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Rapidinhas da Psicótica


Primeira sessão com o psicanalista e o drama já começou em casa.
"Não tenho roupa", reclamei para uma amiga pelo telefone.
"Puta que pariu, Natalia, vai se tratar."
"Eu iria, mas não tenho roupa."
Já no consultório, depois de alguns minutos lutando bravamente para não cair no choro, acabei com metade da caixa de lenços de papel que havia sobre a mesinha ao lado da poltrona. Porque afinal "minha vida é uma merda, ninguém gosta de mim, todos os dias são horríveis e eu preferia nem ter que acordar", expliquei, aos prantos.
"Você trabalha com que mesmo?", ele perguntou.
Então eu assoei o nariz e respondi:
"Com humor."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sr. Vaselina


Estava em uma festa com alguns amigos quando encontrei o cara que eu andava visando havia algum tempo. Ok. Não encontrei coisa nenhuma, eu fui praquela festa sabendo que ele estaria lá. Aliás, eu só fui por isso.
De qualquer forma, lá estava eu, toda arrumadinha, unha feita, cabelinho organizado... e nada do sujeito vir falar comigo.
"Tem alguma coisa no meu dente?", perguntei a uma amiga, buscando alguma justificativa para tamanha falta de atitude.
"Não."
"Tem alguma coisa no meu nariz?"
"Não, Natalia!"
"Que caralhos?", questionei, intrigada.
Foi quando ele veio se despedir, alegando ter uma outra coisa, um negócio pra resolver. Então, chegou bem perto e disse:
"Você tá linda."
Fiquei confusa por alguns instantes mas, por sorte, consegui recuperar minha agilidade mental a tempo de respondê-lo à altura.
"Que porra é essa?", respondi, à altura.
Foi a vez do rapaz ficar confuso.
"Você não se despede de alguém dizendo que tem outra coisa pra fazer e depois solta um elogio", disparei. "Isso não se faz."
"Mas eu só..."
"Eu sei o que você tá fazendo. Você tá jogando vaselina em mim pra tentar me pegar da próxima vez que a gente se encontrar."
"Não, eu..."
"O quê? Achou que ia se safar dizendo que eu tô linda? É óbvio que eu tô linda, eu passei duas horas me arrumando pra ficar linda. Algumas pessoas passam três, quatro, cinco horas e continuam feias pra cacete, mas eu não. Eu sei que eu estou linda", metralhei, sem respirar.
Então tomei fôlego e dei o golpe final.
"Vai lá resolver seus negócios, Sr. Vaselina", encerrei o assunto, dando-lhe dois tapinhas no ombro.
Not in my ass, mothafucka.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Filha de psicótica...


Estava tendo um daqueles surtos em que eu como um vidro inteiro de Nutella e depois repito inúmeras vezes que estou gorda. Aí eu generalizo e começo a reclamar do meu cabelo escroto e da minha cara estúpida, até que finalmente eu concluo que também escrevo mal e que não sei administrar minhas finanças, portanto não me resta outra alternativa senão abrir outro vidro de Nutella.
"Você está linda", disse minha mãe, enquanto eu a encarava com meu olhar de raio laser fulminante.
"Claro que você me acha linda, você é minha mãe", respondi, já me preparando para o ciclo dois da crise.
"Eu não sou sua mãe", ela rebateu.
Na mesma hora eu saí da carapuça de psicótica e mudei o olhar para qualquer coisa entre o estado de choque e a completa desolação.
"Quê?", perguntei.
"Eu não estou dizendo isso porque sou sua mãe", ela corrigiu.
"Não foi isso que você disse antes."
"Mas foi o que eu quis dizer."
Silêncio.
"Pode falar. Eu sou adotada?"
"Não, Natalia."
"Sou sim. Eu sou adotada."
"Você não é adotada, filha."
"Eu não sou sua filha! Para de mentir, mulher! Eu sou adotada!"
Então minha mãe me encarou com o olhar de raio laser fulminante.
"Realmente, você está gorda", ela disse, por fim - o que me fez esquecer toda a questão da adoção e entrar de volta no meu surto psicótico habitual.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Rapidinhas da Psicótica


"Não vou pra sua casa hoje nem que me paguem", eu disse, alfinetando.
"Se te pagassem pra ir à minha casa seria prostituição", ele respondeu, sarcástico como de costume.
Então eu ri e acabei indo pra casa dele, que eu não tinha feito virilha cavada à toa.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Desculpas sinceras


"Desculpa se o que eu disse te ofendeu de alguma forma, não foi minha intenção", disse a uma amiga, enquanto esperávamos a comida chegar, num restaurante.
"É, você realmente me ofendeu. Que bom que você reconhece isso."
Desviei o olhar e devo ter emitido alguma espécie de som provocativo, tipo "humm" ou "ééé".
"Você reconhece que me ofendeu, não reconhece?"
"Bom, eu reconheço que você ficou ofendida."
"Impressionante!", ela exclamou, batendo com as duas mãos sobre a mesa. "Você tá pedindo desculpas e continua achando que está certa."
"Sim, ué."
"Então seu pedido não vale nada! Não vou aceitar!"
"Mas quem foi que disse que um pedido de desculpas precisa ser sincero? Pedir desculpas é um ato de diplomacia, não de sinceridade."
"Você é inacreditável, Natalia."
"Desculpa."
Ela ficou em silêncio, de braços cruzados.
"Desculpa se eu tentei ser a pessoa maior."
Então ela se levantou e foi embora, ofendida.
"Mas eu sou a pessoa maior. Eu sou dez centímetros mais alta que você. Ou mais", tentei me explicar. "Desculpa! Desculpa!", gritei, em vão, sem me dar conta de que o restaurante inteiro estava prestando atenção.
"Tá bom, desculpa pra vocês também", pedi. "Mas eu vou logo avisando que não estou sendo sincera."
 
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