Quando uma coisa é boa demais pra ser verdade, é porque geralmente não é. Não sei com vocês, leitores descolados e bem resolvidos, mas comigo costuma ser assim.
No começo, os caras (dizem que) gostam de mim. Dali a pouco, eles (enfatizam que) gostam muito de mim. E então eu penso, "é, quem sabe, de repente", e aí eu começo a gostar deles. Dali a pouco, eu passo a gostar muito deles. E quando eu penso que tudo vai dar certo, afinal, os dois gostam muito um do outro, algo acontece. Ou melhor, alguém acontece.
Tem sempre uma outra pessoa no meio do caminho.
Não que eu acredite em vidas passadas, mas eu devo ter sido uma destruidora de lares sem coração. Ou então, tenho um talento nato para escolher os que não me escolhem. Os que me escolheriam, eu certamente deixo passar.
Estou cansada desse déjà vu dos infernos. Já ouvi certas frases tantas vezes que elas nem machucam mais. Passam batidas, como aquela mulher que entrou no supermercado com uma faca nas costas e não sentiu nada. Eu vi no Fantástico uma vez.
"Gosto muito de você, mas" continua sendo meu hit. Seguido por "não me compare com os outros" e "não quero te magoar". Se houvesse uma playlist das minhas frustrações, essas três estariam no topo, tocando em modo repeat. Em (des)compensação, existe uma porção de coisas incríveis que eu nunca ouvi de ninguém.
Mas o que me deixa mais triste não é nem o fato de que as coisas podem (e provavelmente vão) dar errado. O mais triste é que eu não acredito mais que elas possam dar certo. Eu me restrinjo a ser uma mera observadora dos acontecimentos, daquelas bem chatas, que comentam em voz alta: "viu, eu sabia que ia dar merda."
Eu sou o Galvão Bueno da minha vida afetiva.
MÚSICA SUGERIDA pelo leitor Jeff Mendes.