sábado, 4 de agosto de 2012
A Psicose Elementar (ou: Yeah uh I am a scientist)
Sem pipetas, nem buretas, acabei de fazer a descoberta mais importante da minha vida de hoje à noite. Após anos de sofrimento, finalmente consegui isolar a partícula elementar da adorável psicose.
Ocorre que a fórmula para se chegar ao "estado de Natalia" parte do axioma de que o nível de psicose é diretamente proporcional à quantidade de afeto que se tem por uma pessoa.
Guardem isso.
Agora adicionem ao assunto anterior uma novidade, que tenho evitado há algum tempo compartilhar. Uma certa notícia envolvendo o fato de que eu estou namorando.
Sim, eu estou namorando. Eu. Estou namorando.
E andei sumida por total carência de assunto. Sempre tive a impressão de que este blog só se manteve funcionando porque nunca me faltou motivo para reclamar. Falar sobre como não tem absolutamente nada de errado me acontecendo ou como pela primeira vez na vida eu estou em uma relação saudável não me parece um bom atrativo para os leitores.
Mas a verdade é que eu não tinha nada para lamentar ou protestar. Nem sequer indagar. E sem indagações, eu não fico reflexiva. E sem reflexões, não sai texto. Pelo menos não em "Adorável Psicose".
Até hoje.
Há alguns minutos, na verdade, quando me ocorreu uma epifania científica. Aquela que descrevi lá em cima, quando fiz referência a pipetas e buretas. Que são instrumentos de laboratório, caso você não saiba e tenha ficado com preguiça de procurar no Google.
Porque até então eu vinha me sentindo orgulhosa da nova Natalia. Uma outra mulher, mais cool e menos ansiosa, que não se apega a neuroses e minúcias desnecessárias. Eu me sentia essa nova pessoa, mais evoluída e moderna, quase europeia.
Mas não.
Por isso, concluí que a partícula elementar da minha adorável psicose é formada no exato instante em que a existência - ou a não-existência - de alguém passa a interferir no meu percentual de felicidade. E é nesse momento, nesse ínfimo recorte no espaço-tempo, em que eu deixo de ser a nova Natalia e volto a ser a boa e velha (e aflita, problemática, insone, paranoica, apocalíptica) Natalia.
Hoje eu comprovei uma verdade inquestionável, inexorável, pessoal e intransferível - é bom que saiba no que está se metendo.
Eu serei irremediavelmente psicótica enquanto gostar de você.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Da arte de cagar um balde
Uma das minhas maiores metas para 2012, 2013 e, provavelmente, o resto da minha vida é aprender a cagar um balde. Não ao pé da letra, prezado leitor doente, porque isso seria nojento - embora o caráter laxativo da coisa seja deveras emagrecedor.
Não que eu já tenha experimentado.
Eu não experimentei.
Mesmo.
Ignorar solenemente os ruídos incômodos, permitir que uma informação entre por um ouvido e saia pelo outro sem perfurar meu cérebro e implodir os meus miolos é algo que ainda está muito além das minhas capacidades. Ao contrário disso, eu me apego a todo e qualquer comentário, palpite e conselho amigo que alguém me dá. Mesmo que eu sequer tenha pedido uma opinião.
Aliás, sejamos francos. Quem começa uma conversa com posso te dar um conselho amigo tem cerca de 95% de chance de ser uma pessoa irremediavelmente mala. Se for homem, tem 97% de chance de ser gay. Se for hétero, tem 100% de chance de ser broxa. No caso das mulheres, todas as vacas que saem por aí destilando conselho amigo querem dar pro seu homem. Se você for solteira, significa que elas são gordas. Não tem erro. As estatísticas são todas do IBGE - Índice Bizarro de Gente Escrota.
Outro dia mesmo fui abordada por uma velha conhecida, digamos, a Hannah, que teceu um comentário inconveniente a respeito da minha vida afetiva. Entendam bem o contexto, a Hannah vai casar. E as mulheres que vão casar - não todas, apenas a cota não-minoritária das patéticas e desesperadas caçadoras de marido-, têm um problema de Alzheimer seletivo. Elas esquecem que, por anos a fio, não passaram de patéticas e desesperadas caçadoras de marido e, somente porque obtiveram êxito em sua patética e desesperada caça, começaram a se achar pertencentes a uma casta superior.
Quando mulheres como a, digamos, Hannah, laçam seus maridos-alces, elas subitamente viram experts em relacionamentos. E sentem-se no direito de tecer comentários inconvenientes a respeito da vida afetiva dos outros. E esses comentários costumam vir abundantes em solidariedade e amor ao próximo. No caso de Hannah, ela fazia menção aos amigos do noivo, que me poderiam ser apresentados durante o casamento - hábito muito comum em círculos sociais e churrascarias rodízio. Só que com a picanha eu ficaria.
Gostaria de ter a sabedoria e a paz de espírito necessárias para ignorar certas coisas. Mas ainda não cheguei lá. Um dia serei como minha mãe, que consegue ouvir qualquer absurdo com cara de paisagem, soltando no máximo um "umhum" de total indiferença. Antes, é claro, eu preciso aprender a ignorar minha mãe.
"Olha, não vou falar nada, não quero me meter, só acho que você fez tudo errado", é um clássico atemporal de mamãe.
Talvez um dia eu consiga dominar a difícil e louvável arte de cagar um balde. Pode ser no fim da vida ou mesmo no fim do ano - que vem a ser o fim do mundo e, portanto, também o fim da vida. Até lá, seguirei a dieta pelo método tradicional.
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